domingo, 29 de junho de 2008

Panorama Cinematográfico...

Estou exausto, vejo o ponteiro do relógio dar varias voltas, não sinto vontade de levantar da minha poltrona. Experimento uma insignificância tão intensa agora, sinto que aquela acanhada ferida em meu coração tomou conta de todo meu corpo. É uma amargura que não se sabe de onde emana, é impetuosa demais para afrontar. Meu sonho se torna um pesadelo desequilibrado, minha lucidez se torna tortura e meu “EU” se torna lamentação. Uma simples inquietação com a existência se torna um tormento penetrante. Em meio a tudo isso, já não vejo mais os algarismos no relógio, contudo o pandemônio ensurdecedor do”tic-tac” me deixa aterrorizado. Logo começo a refletir sobre a vida, sobre os fenômenos da criação e da existência, e a angústia se estende. Deixa de ser um tédio e se torna uma aflição infindável. Atingindo o derradeiro do desespero, como que por milagre, consigo um repouso da melancolia e penso serenamente: Reparo que esse tédio não se transformou em agonia com algumas poucas voltas daquele ponteiro do relógio, mas foram 25 anos sentados aqui nessa mesma poltrona sendo tomado a cada instante por essa lástima. Sinto que devo tomar uma posição veloz para tirar proveito do meu momento de consciência e para afugentar essa consternação de uma vez por todas. Abro uma gaveta, pego um envelhecido punhal, que só servia como um mero adorno, golpeio contra a mina de todo esse desgosto. Senti uma dor desumana percorrer do peito até a fronte, mas notei que meu gênio estava sorrindo, como se estivesse liberto. Após testemunhar todo aquele sangue escoando pelo chão, me senti livre da laia humana e cá estou, improvisando, igualmente alguns termos em outra poltrona, e me interrogando se o que estou significando é de fato o livre-arbítrio, pois faz alguns minutos que estou aqui e já sinto um medíocre temor de experimentar aquele tormento novamente. Parece-me uma cena qualquer de uma peça vulgar que se estende em outro lugar.
Alécio Marinho de Brito Junior
(mudei somente a forma do Suicídio)..... RS

sábado, 28 de junho de 2008

Senhor da Ilusão

Vida medíocre;
Oca de sensibilidade;
Amigos e isolamento;
Sorrisos e agonia;
Multidões e desgosto;
Solidão e desesperança;
Desejo voltar para casa;
A seguir cobiço o mundo outra vez;
Não existe espaço para min;
De saliente à assombração;
Astúcia e derrota;
Vida vulgar;
Como dizia um amigo:
Vida de sururu;
Cada sopro uma lástima;
Desejo e esperança... só na grafia;
Consternação do espírito;
Meramente disparate da espécie;
Que universo é esse?
É meu?
Substrato de aflição
Dor do mundo?
Ou minha?
deus pai:
Do luto;
Pois do amor;
É o Senhor:
Da Ilusão.

Alécio Marinho de Brito Junior

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Dica de leitura: "O mundo como vontade e representação" - Arthur Schopenhauer


"O mundo como vontade e representação" é a grande obra de Schopenhauer, composta por quatro livros (mais o apêndice da crítica da filosofia kantiana), e publicada em 1819. O primeiro livro é dedicado à teoria do conhecimento ("O mundo como representação, primeiro ponto de vista: a representação submetida ao princípio de razão: o objeto da experiência e da ciência."); o segundo, à filosofia da natureza ("O mundo como vontade, primeiro ponto de vista: a objetivação da vontade"); o terceiro, à metafísica do belo( "O mundo como representação, segundo ponto de vista: a representação independente do princípio de razão. A idéia platônica, objeto da arte"); e o último, à ética ("O mundo como vontade, segundo ponto de vista: atingindo o conhecimento de si, afirmação ou negação da vontade"). Toda sua produção posterior pode ser definida como comentários e acréscimos aos temas ali tratados.
Alécio Marinho de Brito Junior

domingo, 22 de junho de 2008

Crucifixio

Ich will betend vor dich treten
Bin gekreuzigt am Pfahl der Liebe
Christis Blut in meinen Tränen
Sieh´ mich bitten
Oh, hör´ mein Flehen
Voller Liebe dich zu erleben
Vertrauensvoll mich dir ganz ergeben
Dieses Herz dir zu Füßen legen
Mein kleines Herz, willst du es nehmen ?
Sei mein Engel -
Sei meine Sünde
Sei meine Sonne -
Sei meine Sucht
Sei meine Muse -
Sei meine Lust
In dir verweilen - in dir verharren
Lieb mich - halt mich
Für immer führ mich in deine Welt - führ mich in dein Reich
In deine Aura
In deinen Geist
In deine Seele
In dein Fleisch
Schenk mir nunmehr deine SchmerzenLass uns teilen unser Leid
Lass uns teilen unsere Freuden
Sei mein Teil - Ich liebe dich

Lacrimosa
Composição: Tilo Wolff

sábado, 21 de junho de 2008

O AMOR PERMANECE


1Cor 13,13: "Assim o amor... permanece"
Sim, deus seja louvado, o amor permanece! O que quer que o mundo te retire, ainda que seja o bem mais querido; o que quer que te ocorra na vida e o que quer que tenhas de sofrer por causa de teu esforço, por causa do bem que tu queres, se os homens se desviam de ti, indiferentes, ou se virassem contra ti como inimigos; mesmo se ninguém quisesse se declarar teu conhecido ou reconhecer sua dívida para contigo, ainda que teu melhor amigo te renegasse - se todavia, em algum esforço teu ou em alguma obra tua, ou em alguma palavra tua, tivesse o amor como confidente, consola-te, pois o amor permanece. O que sabes compartilhando com ele é recordado para teu consolo; oh, é mais feliz ser recordado pelo amor do que ter realizado a maior façanha de que um homem é capaz, mais feliz do que um homem a quem os espíritos se submetem! O que tu sabes com ele, é recordado para teu consolo; nem o presente, nem o futuro, nem os anjos, nem os demônios, e então, Deus seja louvado, tampouco o instante mais tempestuoso e mais difícil de tua vida, tampouco como o último instante de tua vida, conseguirá tomar de ti; pois o amor permanece. E quando o desânimo quiser primeiro te enfraquecer para que percas o desejo de querer corretamente, para então em seguida te tornar novamente forte, ai, como ele sabe fazê-lo, forte na obstinação do desalento; quando o desânimo quer mostrar-te o vazio de todas as coisas e transformar toda a vida numa monótona e insignificante repetição, de modo que tu decerto vês tudo isso, mas com um olhar tão indiferente; vês o campo e a floresta que outra vez reverdejam, vês a vida variegada que o ar e nas águas outra vez se agita, ouves os pássaros a entoar outra vez seu canto; vês sempre de novo os homens agitando-se em todo tipo de obra - e tu bem sabes que Deus existe, mas te parece como se ele se tivesse retraído para dentro de si mesmo, como se ele estivesse distante nos céus, infinitamente afastado de todas essas banalidades pelas quais nem vale a pena viver; quando o desânimo quiser despojar-te daquilo que anima toda a vida, de modo que saibas que Cristo existiu, certamente, mas de maneira tão fraca. Mas por outro lado te mostra com uma angustiante nitidez que mil e oitocentos anos se passaram desde então, como se Cristo estivesse também a uma infinita distância dessas vãs banalidades pelas quais nem vale a pena viver: oh, então reflete que o amor permanece! Pois se o amor permanece, é igualmente certo que ele estará no futuro, se tal é o consolo de que precisas; e que ele está no presente, se tal é o consolo de que precisa. Contra todos os terrores do futuro, opõe esse consolo: o amor permanece; contra toda angustia, todo cansaço que o presente suscita, opõe esse consolo: o amor permanece. Oh, se serve de consolo para o habitante do deserto que ele saiba com certeza que, por mais longe que viaje, havia fontes e haverá fontes: que fonte nos faria maior falta, e que tipo de morte lembraria mais o tormento da sede, se o amor não existisse e não fosse eterno.
Kierkegaard - As obras do amor. p338-339

sexta-feira, 20 de junho de 2008

A sublime arte de ser Feliz


O artigo publicado na Revista Época, de 22 de janeiro de 2007, com o título de “Como os grandes sábios podem nos ajudar a viver melhor”, de Paulo Nogueira, trata de uma questão discutida a mais de dois mil anos: A FELICIDADE. Essa busca por “ventura”, aqui, apropriando-se do pensamento de gigantes da filosofia, ilustra a simplicidade aplicada na vida, explicando que a felicidade está nas coisas pequenas, na capacidade de não sobrecarregar o espírito com coisas ordinárias e assim engendrando uma tranqüilidade da alma. Em outro momento, o autor, demonstra através de fragmentos filosóficos, que um outro caminho para a vida feliz é aceitar os erros, os tropeços, aprender a conviver com a realidade, viver de forma serena em relação à “tempestuosidade” do universo e do próprio “EU”. Em seguida, aponta que devemos cuidar do nosso próprio ser, desligando-se de caminhos tortuosos e assim ficar no comando do seu estado de espírito. Não se preocupar com o futuro de forma obsessiva. Outro caminho para a felicidade é saber enfrentar o medo da morte, pois sabemos que o fim ao qual tende tudo é o temido extermínio do ser e de tudo que está vivo, portanto devemos viver momentos virtuosos sem essa preocupação. O desprezo por esse esgotamento da vida ou a aceitação serve como paliativo para a inquietação natural e o medo.
Enfim, o texto em questão elucida a tentativa da filosofia de nos mostrar o caminho da felicidade ou de pelo menos parte dela. De forma clara e bem exemplificada, ficamos com a impressão que a felicidade está nas coisas simples, mas ao mesmo tempo é inalcançável. O gênio humano é tempestuoso e angustiante por essência, por isso a luta da filosofia em buscar a virtude e a felicidade. As paixões da alma demonstram desejos insaciáveis, e como já citado antes, toda essa busca é puro paliativo. Schopenhauer em uma de suas obras diz: “O mundo é minha representação”, a partir disso podemos dizer que a felicidade não é um bem comum, talvez, não possa nem ser discutida. Simplesmente a felicidade é individual e incompreensível quando questionada. Ela deve ser natural, concebida pela nossa própria representação.
Viver bem é estar bem com você mesmo, buscando dentro de si seu próprio “mundo das idéias” e naturalmente gerando uma auto-satisfação. E mesmo sabendo que a felicidade não é perpétua, pois o homem é ambicioso sentimentalmente, sempre estaremos esperançosos a procura dela. Esse encanto sempre tomará novas formas e novos anseios. Entretanto isso não significa que ela não perdure. A felicidade é puramente um objeto mutável em nosso intelecto. Por fim, mesmo com esse composto de argumentos, tanto com a palavra falada como a palavra escrita não nos diz absolutamente nada sobre a verdadeira felicidade, portanto, vamos somente viver esse sentimento.
Alécio Marinho de Brito Junior
Cometários do texto "Como os grandes sábios podem nos ajudar a viver melhor”, de Paulo Nogueira.

Misterioso Brilho de amor....


Em nossa história lidamos com situações espinhosas, emoções doloridas e sem fundamentos que nos agridem incessantemente, meramente aflições acidentais. Diante a esse interminável universo, não permanece motivos que nos fazem respirar serenamente. Concordo com um grande Pensador que fala “O real me da Asma”. Toda essa amargura, ou seja, lá o que for, aos olhos dos outros, assemelha-se exclusivamente a coisas ordinárias. Seres humanos não se preocupam em saturar a carga de sua própria essência, eles elegem uma passividade na vida. Às vezes me pergunto se esse suplício está no mundo desordenado ou se está em min, que detenho uma medíocre existência.
Em meio a tudo isso, após anos de questionamento e de angústia, um brilho se eleva nessa penumbra gélida do universo. Uma acanhada luz... Tão insignificante quanto o fato de que eu possa pensá-la. Entretanto, confio que possa ser meu caminho. Nada se altera, o acaso ainda me experimenta com seus artifícios dolorosos, mas ao menos vejo esse feixe de luz como uma esperança. Não sei de onde vem, mas resisto para segui-la. Meus pensamentos são entregues aos delírios mais fervorosos e com isso não tenho mais controle do meu EU. Essa claridade se torna objeto e objetivo da minha vida. Não sei para onde isso vai me levar e se algum dia esse acaso vai me deixar encontrá-la. Posso vê-la com os olhos fechados. Já não sinto nada autêntico que não seja o desgosto do espírito e a respiração impenetrável. Já não me impressiono com o motivo vulgar no qual existo. Não sei mais que domínio que tem esse brilho sobre min, contudo descobri apenas um mistério sobre ela: o seu nome.
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Alécio Marinho de Brito Junior

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A Janela da Vida

Todos os dias, ao crepúsculo, suplico para não despertar, contudo a perversa existência me acorda com o fulgor do sol. São alvoradas longas e a cada dia me sinto mais impotente perante tudo isso. Ah... Aquela janela por donde penetra o sol.. Eu apelido de janela do tormento, onde tudo em meu aposento se torna sombra, e onde me tornei também nada mais que um espectro. Logo, me aproximo e contemplo a vida lá fora: infantes gracejando, indivíduos de todos os gêneros marchando pra lá e pra cá, cães imundos tomando conta de desafortunados pelas ruas, enfim, uma vastidão de doidices, tudo isso em meio à precisão da natureza, com o infindo azul do céu, a brisa das serranias e o horizonte de esperança. Creio que o gênio natural conspira para legar essa esperança no íntimo da humanidade. Cada sujeito com sua inquietação, uns esquivando-se da ruína, outros caçoando do triunfo, mas nenhum desses contemplando a existência atroz como ela é. Já senti o paladar do sucesso e a consternação da derrota, e posso proferir com autoridade que nenhuma delas é capaz de apaziguar o espírito humano. Continuamente teremos a sensação de inópia. Com isso, descobri uma forma magnífica de apreciar a vida e a impiedade da existência. E é meramente se tornando uma sombra consciente. Do lado nebuloso, onde não existe expectativa, tudo é tão radiante. A mágoa e o entusiasmo se enlaçam e criam um alento incomensurável. As tonalidades se alteram e logo deixo de desejar existir somente para permanecer admirando a vida lá fora. Ser uma sombra pode até ter um gosto ácido, mas jamais senti algo tão intenso e venturoso anteriormente como essa sensação de olhar da janela, rir dos homens e idolatrar a formosura do universo. Do lado de cá a vida é simplesmente uma obra-mestra que se sacoleja a cada instante. Por fim, fica a dúvida: e EU? Ahhh... Vou recuar para meu leito e adormecer, pois meus sonhos são mais sólidos que a minha autêntica existência. Se quiser pode me titular de Deus, pois ser Deus não é ter poderes, e sim olhar da minha janela o afresco que é a vida.
Alécio Marinho de Brito Junior - 2004

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O MUNDO precisa de Filosofia

Prezados colegas, sou graduando do curso em extinção de Filosofia da Unitau. Esses “escritos” seguintes têm a pretensão de significar a importância da filosofia no meio acadêmico. O mundo que articulo, é o mundo acadêmico, a filosofia ao qual me refiro, não é o filosofismo popular ou o psicologismo de vivências. Falo de uma filosofia rigorosa, de extrema seriedade em relação à linguagem e à procedência das ciências. Uma filosofia preocupada com o universo
Todos aqui lutamos pelo mesmo objetivo, que é ser professor, e seja na história, na letras, na geografia ou na pedagogia, lidamos com juízos filosóficos o tempo todo. Conceitos que permanecem esquecidos ou referidos com desdém. Pois essas considerações filosóficas, na maioria das vezes, é o alicerce para os diversos tipos de conhecimentos.
Ser educador é uma arte de sublime responsabilidade, por isso devemos fazer com que isso seja feito com prazer. A busca de estruturas filosóficas em diversas áreas do conhecimento nos proporciona um esclarecimento pormenorizado das ciências ou de qualquer outro objeto. A partir dessa procura essencial do conhecimento, o interesse desenvolve-se de forma natural, produzindo um prazer-intelectual. Encanto esse que devemos unir com a opção que fizemos na docência para logo alcançarmos níveis mais altos dentro de nós mesmo, engendrando uma auto-satisfação.
Os caminhos filosóficos provocam a verificação detalhada dos objetos pretendidos e interesse na pesquisa, revelando o que realmente é o universo acadêmico. Essa rigorosidade da filosofia nos torna prudente em relação aos nossos propósitos, guiando para novos mundos, dentro e fora da universidade.
Quero dizer, é que existe uma necessidade da filosofia na trajetória da pesquisa, e, nos primeiros anos da graduação, isso é insensível aos nossos olhos. Logo, o que ainda resta da filosofia na Universidade, é de extrema qualidade. Então, colegas Historiadores, Geógrafos e futuros professores em geral, aproveitem para dividir essa experiência filosófica durante esses anos de faculdade, pois tenho a plena confiança que vai ser de ampla serventia, para a vida e para o profissional. Não deixem essa busca de conhecimentos filosóficos para depois, simplesmente porque a agora é o momento certo para essa primeira relação com a filosofia, pois agora tende a ser natural. Mais tarde será por imposição e acabará se tornado intricado. Participem das aulas, dos núcleos de pesquisa, dos ciclos de palestras que acontecem durante o ano. Enfim, deixem a filosofia incutir em seus cursos e em suas reflexões, instituindo assim uma comunidade acadêmica, uma comunidade científica de estudantes em busca de conhecimento. Pura sabedoria desinteressada.

Alécio Marinho de Brito Junior