quarta-feira, 2 de julho de 2008

Era de subversão

Tem um dia em que gostaríamos que tudo fosse dessemelhante aos dias de hoje: dinheiro, propriedades, viagens, relacionamentos. Outro que tudo isso é vil: habituar-se à realidade natural é, além disso, essencial.
Tem um dia em que almejamos o sucesso alheio. Outro em que permanecemos com olhar em nossa própria estrada.
Tem um dia em que oramos fervorosos por uma inspiração. Outro em que desprezamos Deus por motivos insuficientes.
Tem um dia em que rejeitamos existir. Outro em que despertamos esperançosos e fascinados pelo universo.
Tem um dia que amamos infinitamente e improvisamos diversos propósitos pra esse afeto. Outro em que somos tomados pela cólera e a inveja mirando destruir até o ar que respiramos.
Tem um dia em que tudo está sombrio. Outro em que o mundo é da cor de um pirulito de guri.
De pássaros verdes a abutres, nossos dias são de puro conflito com a natureza.
Sorria e chore, pois esse dia é breve e amanhã é um infinito de incertezas.
Admire o ódio da mesma maneira que o amor.
Aproveite a vivacidade das trevas, e a nitidez do paraíso.
Pois essa gangorra que é a existência acabará ainda nesse dia.
Alécio Marinho de Brito Junior