terça-feira, 5 de agosto de 2008

O belo e o Sublime - Arthur Schopenhauer - Percepção ou insensatez?

Ao examinarmos a obra “O mundo como Vontade e Representação”, devemos considerar que a Ética, a Metafísica e a Estética, são, na verdade, aspectos distintos de um mesmo objeto, onde se organizam atrelados no pensamento genial de Arthur Schopenhauer.
A partir de um exame detalhado da Metafísica Shopenhauriana, entraremos no campo da ética, esclarecendo a negação da vontade de viver: o “querer-viver” é a raiz de todos os males do universo, de todo sofrimento humano e o fim ao qual tende a natureza. Entretanto, um dos modos para abordar essa “moral” é transpondo o Juízo Estético, ou seja, através da contemplação do Belo e do Sublime que atingimos a liberdade, a princípio enganosa e movida pelas paixões inconscientes, nunca saciadas. Enfim, é a busca para libertação dos efeitos deletérios do mal, inerente à existência humana.

"Através desse movimento o Gênio penetra a interioridade do mundo e nele descobre a quietude, a claridade e a serenidade da realidade ideal. Assim a contemplação da Arte, levará o sujeito a interromper o ciclo de carências e satisfações que expressam o sofrimento do mundo" ("O Mundo como Vontade e Representação", Livro III, Schopenhauer, A.).

A arte reproduz as idéias eternas apreendidas mediante essa pura contemplação, o essencial e permanente de todos os fenômenos do mundo, e conforme a matéria em que ela se reproduz, se constitui em artes plásticas, poesia ou musica. Sua única origem é o conhecimento das idéias, seu único objetivo é a comunicação deste conhecimento. Isso remete o sujeito a um sujeito destituído de Vontade, de dor, de temporalidade.
Essa contemplação Estética proporciona um conhecimento de certo modo mais direto e verdadeiro do que o conhecimento da ciência e do senso comum, pois esse conhecimento seria um conhecimento de uma representação não submetida ao principio de razão, ou seja, nem a causalidade que se refere aos fenômenos, nem as leis da lógica que regem o conhecimento racional.

"A distinção entre o Belo e o Sublime é que no Belo o predomínio do conhecimento puro se exerce sem luta, a beleza do objeto, sua constituição, facilitando o conhecimento de sua idéia, afastando a vontade e o conhecimento das relações que coroam seus serviços sem oposição, e, portanto, imperceptível da consciência, que persiste como sujeito do conhecimento, destituído inclusive de toda recordação da vontade; Em contraposição, em face do sublime, este estado de conhecimento puro é conquistado primeiramente por meio de uma libertação violenta das relações do objeto com a vontade reconhecidas como desfavoráveis, por meio de uma elevação livre e consciente acima da Vontade e do conhecimento a ela referido"("O Mundo como Vontade e Representação", Livro III, Schopenhauer, A).

Nesse sentido, o Juízo Estético busca na experiência contemplativa da arte, da música e da poesia um novo modo de conhecer o mundo e, de certa forma, demonstrar a crítica ao idealismo Alemão e ao logos científico.
Alécio Marinho de Brito Junior

Da norma do Gosto

Em conseqüência ao exame detalhado já feito na Estética de Schopenhauer, onde a arte tem a função principal de representar as verdades da razão neste elemento exterior a ela, mas acessível ao entendimento através da sensibilidade, demonstrando o princípio do Belo apreendido pela própria idéia, gerando um sujeito puro de conhecimento.
A partir desses argumentos, analisaremos a tentativa de David Hume estabelecer um padrão de gosto para se verificar a beleza. Hume afirma que através da experiência, o sentimento está sempre certo, pois a verdade dele se prova automaticamente na própria consciência. Com isso teríamos uma variação infinita na analise do belo, já que diversos elementos fariam cada sociedade, em determinadas épocas, aprovar ou desaprovar algo. Portanto, Hume, faz-se necessário encontrar um Padrão de Gosto, uma regra capaz de conciliar as diversas opiniões dos homens, pelo menos, que seja uma decisão reconhecida aprovando uma opinião e condenando outra.
Esse gosto pode ser definido com um ato do espírito através do qual alguma coisa nos agrada ou desagrada. “É uma relação entre objeto e os órgãos ou faculdades do espírito”.
O que distancia do belo de Schopenhauer é que, Hume, considera a beleza não uma qualidade inerente das coisas, e sim uma beleza que existe no espírito que contempla. Cada espírito percebe uma beleza diferente, portanto, Hume, cria um principio da natural igualdade dos gostos, no qual, o fundamento é a experiência, com a pretensão de conduzir a estética vinculada ao movimento da ciência.
Para isso ele afirma a necessidade do indivíduo estar em “estado de saúde”, no qual uma perfeita serenidade do espírito, a concentração do pensamento e a devida atenção ao objeto se tornam indispensáveis para a contemplação do belo.
Para fundamentar suas afirmações, Hume, elucida algumas características básicas para se criar um sujeito capaz de experimentar o devido sentimento da beleza. Para isso é necessário que o espírito que observa deve abarcar uma delicadeza da imaginação, para que não julgue sem qualquer critério; em seguida, carecer de uma certa prática, ou seja, experiência, gerando uma crescente sensibilidade de analisar os objetos com mais exatidão e de forma sutil. Não julgando de forma confusa e obscura; Diz também, que é indispensável que o sujeito estabeleça comparações, calculando a proporção da beleza e não tornado as belezas frívolas como objeto de admiração; Conservar o espírito acima de preconceitos é outra característica ilustrada na construção do seu pensamento, no qual, o objetivo é fazer com que o sujeito afaste-se do ser individual e considere só o objeto submetido; Por fim, diz da necessidade de ser amparado pelo bom senso, no qual opera pela razão e é capaz de distinguir a beleza e seu desígnio pelo raciocínio. Assim Hume, estabelece critérios para a distinção da beleza e da deformidade.
Entretanto, devemos lavar em conta os fins, para julgar cada obra, pois toda obra de arte tem um “certo objetivo e deve ser considerada mais ou menos perfeita conforme seja mais ou menos capaz de atingir essa finalidade”. E importante também ressaltar que estamos lidando com o temperamento dos indivíduos, os costumes e opiniões das diferentes épocas.
No entanto, observamos um pensamento estético com o interesse ou influência, somente na prática em que se desenvolve, mas que se assemelha em certos pontos com a estética de Schopenhauer, principalmente no que diz respeito à questão moral. Nota-se uma forma, implícita, de unir a contemplação do Belo (tanto para Hume, quanto para Schopenhauer) com um exame ético, engendrando uma lei moral com princípios estéticos. O que observo nessas ultimas leituras sobre estética, talvez de forma ingênua, não é somente uma preocupação ou uma busca com o ideal do belo e sim um modo de entrar em princípios éticos. Criando um sujeito médio-intelectual capaz de contemplar a beleza de forma consciente.
Alécio Marinho de Brito Junior

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Inesperado, desgosto e estupidez.

Improviso essas palavras pois são as únicas que consigo. Estou naufragado na realidade ou fora dela, já não sei mais.
Já não sei mais o que ponderar
Já não tenho mais para onde navegar
Com meus olhos fechados experimento mais esperança do que o fulgor do mundo pode harmonizar.
Não sei se é amor.
Não sei se isso é vida.
Não sou marionete ou peixe de aquário.
Ora nas mãos do de um amor que não vem. (Aqui o amor não é uma afinidade entre dois corpos.)
Ora nas mãos de uma demência que reprimi minha fantasia.
Agora, deixa pra lá... Quero conviver com essa psicose.
Com a minha capacidade, com meus desejos e com minha agonia.
É um duelo entre a expectativa e a liberdade que me acorrenta.
Quero o mundo, quero você e quando acordar não quero nada.
Brindar a escuridão e parodiar nas tardes de sol.
Voar alto como a tal gaivota atrevida.
Dançar sozinho aquela musica.
Só quero acostumar com isso... Sem fronteiras entre o autêntico e o surreal.
Gritar até esgotar e entorpecer ouvindo aquela voz.
E quando despertar, no meu teatro de fantoches, só quero dizer com ternura pra vida: Foda-se.

Alécio Marinho de Brito Junior