terça-feira, 5 de agosto de 2008

Da norma do Gosto

Em conseqüência ao exame detalhado já feito na Estética de Schopenhauer, onde a arte tem a função principal de representar as verdades da razão neste elemento exterior a ela, mas acessível ao entendimento através da sensibilidade, demonstrando o princípio do Belo apreendido pela própria idéia, gerando um sujeito puro de conhecimento.
A partir desses argumentos, analisaremos a tentativa de David Hume estabelecer um padrão de gosto para se verificar a beleza. Hume afirma que através da experiência, o sentimento está sempre certo, pois a verdade dele se prova automaticamente na própria consciência. Com isso teríamos uma variação infinita na analise do belo, já que diversos elementos fariam cada sociedade, em determinadas épocas, aprovar ou desaprovar algo. Portanto, Hume, faz-se necessário encontrar um Padrão de Gosto, uma regra capaz de conciliar as diversas opiniões dos homens, pelo menos, que seja uma decisão reconhecida aprovando uma opinião e condenando outra.
Esse gosto pode ser definido com um ato do espírito através do qual alguma coisa nos agrada ou desagrada. “É uma relação entre objeto e os órgãos ou faculdades do espírito”.
O que distancia do belo de Schopenhauer é que, Hume, considera a beleza não uma qualidade inerente das coisas, e sim uma beleza que existe no espírito que contempla. Cada espírito percebe uma beleza diferente, portanto, Hume, cria um principio da natural igualdade dos gostos, no qual, o fundamento é a experiência, com a pretensão de conduzir a estética vinculada ao movimento da ciência.
Para isso ele afirma a necessidade do indivíduo estar em “estado de saúde”, no qual uma perfeita serenidade do espírito, a concentração do pensamento e a devida atenção ao objeto se tornam indispensáveis para a contemplação do belo.
Para fundamentar suas afirmações, Hume, elucida algumas características básicas para se criar um sujeito capaz de experimentar o devido sentimento da beleza. Para isso é necessário que o espírito que observa deve abarcar uma delicadeza da imaginação, para que não julgue sem qualquer critério; em seguida, carecer de uma certa prática, ou seja, experiência, gerando uma crescente sensibilidade de analisar os objetos com mais exatidão e de forma sutil. Não julgando de forma confusa e obscura; Diz também, que é indispensável que o sujeito estabeleça comparações, calculando a proporção da beleza e não tornado as belezas frívolas como objeto de admiração; Conservar o espírito acima de preconceitos é outra característica ilustrada na construção do seu pensamento, no qual, o objetivo é fazer com que o sujeito afaste-se do ser individual e considere só o objeto submetido; Por fim, diz da necessidade de ser amparado pelo bom senso, no qual opera pela razão e é capaz de distinguir a beleza e seu desígnio pelo raciocínio. Assim Hume, estabelece critérios para a distinção da beleza e da deformidade.
Entretanto, devemos lavar em conta os fins, para julgar cada obra, pois toda obra de arte tem um “certo objetivo e deve ser considerada mais ou menos perfeita conforme seja mais ou menos capaz de atingir essa finalidade”. E importante também ressaltar que estamos lidando com o temperamento dos indivíduos, os costumes e opiniões das diferentes épocas.
No entanto, observamos um pensamento estético com o interesse ou influência, somente na prática em que se desenvolve, mas que se assemelha em certos pontos com a estética de Schopenhauer, principalmente no que diz respeito à questão moral. Nota-se uma forma, implícita, de unir a contemplação do Belo (tanto para Hume, quanto para Schopenhauer) com um exame ético, engendrando uma lei moral com princípios estéticos. O que observo nessas ultimas leituras sobre estética, talvez de forma ingênua, não é somente uma preocupação ou uma busca com o ideal do belo e sim um modo de entrar em princípios éticos. Criando um sujeito médio-intelectual capaz de contemplar a beleza de forma consciente.
Alécio Marinho de Brito Junior

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